O que é o imaginário ?


O que é o imaginário ?

Olhar biopsicossocial da obra transdisciplinar de Gilbert Durand

Carlos André Cavalcanti e Ana Paula. Cavalcanti

APRESENTAÇÃO Carlos André Cavalcanti & Ana Paula Cavalcanti – O que é o Imaginário? Grenoble (França), 1 de junho de 2015 O livro agora apresentado por Carlos André Cavalcanti e Ana Paula Cavalcanti representa um importante contributo no quadro dos Estudos do Imaginário inspirados pela figura tutelar de Gilbert Durand.

Os autores compreenderam bem aquilo que está em jogo no imaginário durandiano: o olhar biopsicossocial (a importanteCavalcanti noção durandiana de “trajeto antropológico”) e a transdisciplinaridade. No mesmo sentido, o subtítulo representa já um forte indício de que os autores também compreenderam de modo esclarecedor os enjeux do conceito capital de “imaginário”. Para reforçar esse indício basta compulsar o sumário da obra que a divide em três capítulos distribuídos da seguinte maneira: o primeiro dialoga com a imagem numa aproximação metanóica; o segundo fala dos fundamentos imagéticos e metodológicos do imaginário, reservando o terceiro capítulo, e último, à aplicação ao campo das religiões.

Como os próprios autores o afirmam, o propósito do seu livro é didático, ou seja, é uma introdução-síntese da teoria geral do Imaginário na perspectiva durandiana: “Imaginamos um livro, dizem os autores, capaz de apresentar o Imaginário de uma forma transdisciplinar buscando o provável trajeto que fez Gilbert Durand na concepção da teoria” (p. 10 do livro). E imaginaram bem, pois este livro, que em boa hora surge sob o signo do Kairos (momento favorável, tempo propício, tempo circular e sagrado) e não do Cronos (tempo cronometrado pelo relógio que marca o tempo linear e profano), revela-se não só um instrumento pedagogicamente útil para todos aqueles e aquelas que se pretendem iniciar nos Estudos do Imaginário sob a égide de Gilbert Durand, mas também revela uma fina análise e compreensão da natureza do Imaginário e da sua importância fecunda no campo das religiões, como, aliás, antes já Mircea Eliade o tinha mostrado nos seus numerosos estudos dedicados à história comparada das religiões.

Mais ainda: o presente livro representa um passo mais adiante no caminho da remitologização ao dar uma importância ao mito como aquele mediador que procura compreender os fundamentos mitológicos da sociedade, da cultura e das formas religiosas em geral. Para estudar e melhor entender esses fundamentos, os Professores Carlos e Ana Cavalcanti propõem não já uma hermenêutica simbólica, mas uma hermenêutica metanóica do Imaginário que é aquela que respeita “os saberes e fazeres existentes” numa perspetiva transdisciplinar, lembrando aqui a figura do deus Hermes, como convém à natureza dos Estudos do Imaginário.

Por fim, uma última palavra se exige para realçar o rigor conceptual, o domínio aprofundado da temática tratada por parte dos autores - sempre suscetível de alguma incompreensão epistemológica por outrem. Neste contexto, e lembrando sempre que, como nos ensinou Umberto Eco, uma obra é sempre “aberta” e é sempre, em maior ou menor grau, objeto de um conflito de interpretações, lembrando aqui Paul Ricoeur, O que é o Imaginário? é uma obra aberta porque dá necessariamente que pensar, e é também objeto de conflito textual porque as suas ideias interpelam todo aquele leitor ávido de melhor conhecer os caminhos insondáveis do Imaginário e suas aplicações, quer nas Ciências Humanas e Sociais, quer nas Ciências Religiosas.

Alberto Filipe Araújo

Universidade do Minho – Braga – Portugal

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